Há dias, entre um episódio e outro do Hell’s Kitchen, o zapping levou-me a um canal que transmitia o genialmente louco Barton Fink dos Irmãos Coen.
- Ena! Há tanto tempo que não via isto!
Deixei-me ficar.
Certas noites acordo com o burburinho das ideias a fervilhar na cabeça.
- Tenho de escrever isto!!!
De onde vem a necessidade não sei, mas é suficientemente forte para me fazer abandonar o vale dos lençóis e caminhar tropegamente até à sala. Ligo o computador, abro o Word e ..... nada....!
A página em branco devolve-me o olhar estremunhado, com ânsias de ser preenchida.
Nada....
As minhas ideias brilhantes desvaneceram-se; tornaram-se obtusas e banais durante o curto trajecto que separa o quarto da sala. Acabo inevitavelmente por amaldiçoar ter-me levantado.
Isto de escrever pode ser um prazer angustiante!!!!
Voltemos ao que se passa no ecrã. Barton Fink, dramaturgo de sucesso em New York, é convidado a escrever argumentos para Hollywood. Ao chegar a Los Angeles começa a sofrer de writer’s block (certamente após ter atravessado um corredor devorador de ideias como o que tenho em casa).
Agora mesmo estou a vê-lo sentado na cama do exíguo quarto de hotel, com um olhar vazio e assustado, enfrentando a máquina de escrever (ah, a acção desenrola-se nos anos 30 do século passado). A câmara dos Coen começa a afunilar o angulo na direcção da folha de papel em branco enquanto a música sobe de tom e ganha contornos aterrorizadores.
É de mais para mim!
Zap! Zap! Zap!
Regresso ao Hell’s Kitchen, a tempo de ouvir Chef Ramsey gritar “It’s fucking raw, you lazy bitch!!”
-Yes, Chef!
Haverá coincidências?....
Que tal um bloco na mesinha de cabeceira? Assim as ideias não se perdem até o PC ligar ;-)
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